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As que usavam touquinha e tinham voz rouca foram papadas, sim, meus pêsames. Mas olhe agora, o que vemos? Avós de jeans, dirigindo seus carros, cabelos pintados, óculos escuros. Avós que trabalham, que viajam, que dão festas, que namoram. Avós que fazem lipo, aeróbica, jogam tênis (...) 

Será que elas sabem pregar um botão? Não custa tentar, mas se a empreitada der errado, não complique. Ela terá o maior prazer em levar a netinha para comprar uma roupa nova no shopping.

E o almoço de domingo? Também mudou. As avós de hoje não andam dispostas a engordar nem um grama com macarronadas familiares e muito menos a quebrar suas garras vermelhas lavando panelas. Que tal um buffet frio, muita água mineral e salada de frutas?

Netos e netas, não sintam-se desamparados. As avós de hoje são muito mais participantes. Podem não lembrar direito das histórias de Gulliver, Pele de Asno ou Gato de Botas, mas têm histórias pessoais tão encantadoras quanto.

São mais divertidas e menos preconceituosas. Têm mais saúde e disposição para enfrentar parques, teatrinhos, zoológicos. E o fato de buscarem a eterna juventude não lhes tirou um pingo do afeto que sentem pela terceira geração. Ao contrário, nunca vi tantas avós apaixonadas por seus netos. É um amor enorme, desinteressado, sem o ônus do compromisso, só do prazer.

(...) Se por um lado estamos perdendo a imagem romântica da avó que cozinha, faz tricô e tem roseiras no quintal, por outro, estamos ganhando uma avó bonitona, que tem o maior orgulho ao falar de nós para as amigas e que sempre estará disposta a nos dar um colo. Desde que esteja com uma roupa de microfibra, bem entendido.

O amor, que é o que interessa, não mudou. Mudaram as avós (...) que falam gíria, bebem cerveja e estão sempre prontas para uma novidade; são avós tanto quanto as nossas saudosas velhinhas de casaquinho nos ombros. Passarão, como toda mulher, pela menopausa, pela osteosporose e por outros distúrbios da idade, mas, certamente, não aceitarão o papel de uma avó caseira, bordadeira e sem outra ambição que não seja cuidar dos netos.

Sempre se disse que a avó era uma “segunda mãe”, pois ela nunca esteve tão parecida com a primeira.

Martha Medeiros

Para as vovós... mães... filhas e amigas...
2018 de proa, gente!!!!!

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