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 Certame era visto como um teste de confiança do governo junto ao mercado e atraiu dois grupos; ágio foi de 41%


Thiago Bethônico

A Zurich Airport International foi a vencedora do leilão de concessão do aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN), o primeiro realizado na atual gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O certame foi realizado na manhã desta sexta-feira (19) na sede da B3, em São Paulo.

Com a oferta de R$ 320 milhões, o grupo arrematou o terminal, cujo lance mínimo havia sido estabelecido em R$ 226,9 milhões —um ágio de 41%.

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) definiu que a vencedora do leilão seria a empresa que oferecesse maior contribuição inicial ofertada para a ampliação, manutenção e exploração do aeroporto pelo prazo de 30 anos.

O leilão teve dois grupos interessados, a Zurich Airport International e a XP Asset, braço de gestão de recursos da correta XP —que participou do certame com o nome de NK 230 Empreendimentos e Participações.

Atualmente, a suíca Zurich possui os terminais de Florianópolis, Macaé (RJ) e Vitória (ES). Também opera o aeroporto de Belo Horizonte (Confins), com o grupo CCR. Já a XP é responsável pelo Campo de Marte (SP) e o aeroporto de Jacarepaguá (RJ).

Até que a nova administradora assuma integralmente a concessão, a Inframerica seguirá a frente do terminal aéreo. A previsão é que a transição entre as empresas aconteça no início de 2024.


O leilão começou com a abertura das propostas enviadas por escrito. A Zurich fez a oferta inicial mais alta, de R$ 250 milhões (ágio de 10,16%). A primeira proposta da XP foi de R$ 231 milhões (ágio de 1,79%).

Após a abertura das propostas iniciais, o leilão entrou na parte de ofertas viva-voz. As concorrentes disputaram uma série de rodadas até o martelo ser batido no lance de R$ 320.000.012, feito pela Zurich.

São Gonçalo do Amarante foi o primeiro do Brasil a ser concedido à iniciativa privada, em 2011, fazendo parte do primeiro leilão de aeroportos. Segundo a agência de aviação, o leilão se dará pela maior contribuição inicial ofertada para a ampliação, manutenção e exploração do aeroporto pelo prazo de 30 anos.

O terminal, localizado na região metropolitana de Natal, tem capacidade para receber 6 milhões de passageiros por ano, possui oito pontes de embarque e opera voos nacionais e internacionais.

O aeroporto passou por um processo de devolução amigável feita pelo Consórcio Inframerica, administradora do aeroporto, que anunciou o pedido em 2020. Em fevereiro deste ano, a Anac aprovou, de forma inédita, o edital de relicitação, argumentando que o processo é viável e tem potencial de ajudar a desenvolver a infraestrutura nacional.

Localizado a 18 quilômetros do porto de Natal e a cerca de 30 quilômetros do centro da capital potiguar, o aeroporto fica próximo a estradas que fazem ligação com outras capitais do Nordeste, como João Pessoa (PB) e Recife (PE).O contrato com a Inframerica teve início em 2012, por um prazo de 28 anos, e o terminal foi construído do zero, como parte das obras previstas para a Copa de 2014.


A empresa também é responsável pela administração do aeroporto de Brasília.

Segundo a atual concessionária, o terminal do Rio Grande do Norte também se destaca como um dos principais exportadores de cargas da região Nordeste e possui 210 mil m² de área de pátio de aeronaves.


O aeroporto de Natal encerrou 2022 com um fluxo de 2.2 milhões de passageiros e 18.179 pousos e decolagens. O movimento representa um aumento de 24,6% da movimentação de pessoas, se comparado a 2021.

Em 2020, a Inframerica anunciou que devolveria a concessão do aeroporto. Na ocasião, a operadora aeroportuária calculou ter investido cerca de R$ 700 milhões em obras de infraestrutura.

Uma das justificativas apresentadas pela empresa à época foi em relação ao tráfego de passageiros, "impactado principalmente pela severa e longa crise econômica enfrentada pelo país, ocorrida justamente no período inicial da concessão e que impactou diretamente o turismo na região".

A empresa também afirmou que os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental feitos no início da concessão apontavam uma expectativa de 4,3 milhões de passageiros em 2019. "Contudo, o fluxo registrado foi de 2,3 milhões, cerca da metade do que era previsto nos estudos de viabilidade", disse.

Segundo a concessionária, também pesaram na decisão regras contratuais que ao longo dos outros leilões de aeroportos foram aperfeiçoadas.

"Com a relicitação e novas condições contratuais, o administrador que assumirá terá mais chances de ter uma operação sustentável a longo prazo", disse a empresa, em nota, nesta quinta-feira (
18).

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