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Opinião


A demência é uma condição que tem se tornado cada vez mais comum no Brasil devido ao envelhecimento da população. Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 2,7 milhões de brasileiros convivem com a doença. As variações regionais desse total variam de 7,3% no Sul a 10,4% no Nordeste, e as projeções indicam que, até 2050, esse número pode chegar a impressionantes 5,6 milhões de pessoas.

Recentemente, uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), publicada em outubro de 2024, trouxe um dado preocupante: até metade dos casos de demência poderiam ser evitados se modificações no estilo de vida e no controle dos fatores de risco fossem implementadas desde a juventude. O estudo apontou que as causas principais do desenvolvimento da doença estão intimamente ligadas a fatores de saúde e comportamentais, muitos dos quais são passíveis de intervenção. No Brasil, a baixa escolaridade, a hipertensão e a perda auditiva são destacadas como os fatores de risco mais críticos.

A baixa escolaridade, segundo o médico Fernando Galdenço, especialista em clínica médica e geriatria da Hapvida NotreDame Intermédica, com atuação no Rio Grande do Norte, está diretamente relacionada à falta de estímulos cognitivos ao longo da vida. Para ele, manter o cérebro ativo, por meio de atividades intelectuais, aprendizado contínuo e desafios mentais, é essencial para retardar o declínio cognitivo. “Atividades como leitura, jogos de raciocínio e até o aprendizado de novas habilidades podem ter um impacto significativo na manutenção das funções cognitivas”, explica.

Além disso, o médico ressalta que alguns problemas de saúde preexistentes também estão entre os principais fatores de risco. A hipertensão, por exemplo, pode prejudicar os vasos sanguíneos no cérebro, contribuindo para lesões cerebrais. Da mesma forma, o diabetes tipo 2, frequentemente associado ao sedentarismo e à obesidade, aumenta significativamente o risco de demência. “O controle desses fatores ao longo da vida é fundamental para a prevenção da doença”, afirma.

Embora a genética também desempenhe um papel importante no desenvolvimento da demência, Galdenço enfatiza que muitos desses riscos podem ser mitigados com intervenções precoces. “Aderir a hábitos saudáveis, como uma dieta balanceada, exercícios regulares, controle do estresse, boa qualidade de sono e a manutenção de uma rede de apoio ativa, pode reduzir consideravelmente as chances de desenvolvimento da doença”, afirma o especialista.

Por fim, o médico destaca que, ao adotar uma abordagem preventiva focada na educação e na mudança de hábitos, o Brasil não só pode reduzir o impacto da demência, mas também prevenir o avanço precoce dessa condição debilitante. “Investir em prevenção é a chave para um envelhecimento mais saudável e menos vulnerável aos impactos da demência”, conclui ele.

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