A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Natal decidiu, de forma inédita, implementar um pacote de “transparência total” para os trabalhos da Comissão Processante — transmissões ao vivo, reuniões no Plenário e até um contador regressivo no site oficial. A iniciativa, porém, não passou despercebida pelo óbvio: o ato foi publicado dias depois da abertura de um novo processo de cassação da vereadora Brisa Bracchi (PT).
A coincidência é, no mínimo, incômoda. Durante meses, a Câmara conduziu processos sensíveis longe dos holofotes. Agora, justamente quando Brisa volta a ser alvo de uma nova investida política, surge uma súbita urgência por publicidade, como se a Casa tentasse se blindar de críticas antes que o desgaste se instale de novo.
O gesto pode ser anunciado como transparência, mas o momento escolhido revela outra coisa: pressão. Pressão interna, pressão externa e a necessidade explícita de mostrar que, desta vez, o processo terá “formalidade plena”. A pergunta que fica é simples — por que só agora?
Com o novo processo de cassação recém-aberto, a decisão da Mesa soa menos como aprimoramento institucional e mais como tentativa de controlar a narrativa antes que ela escape novamente das mãos de quem conduz o rito.
